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Itália revisa riscos das criptomoedas em novo relatório

A Itália decidiu fazer um levantamento cuidadoso sobre como os investidores de varejo estão se expondo a criptomoedas. Essa decisão surge num momento em que os ativos digitais estão se firmando cada vez mais nos mercados tradicionais e em que as regras atuais se mostram um tanto confusas para a supervisão.

Na última quinta-feira, o Comitê de Política Macroprudencial, que inclui o governador do Banco da Itália, reguladores de seguros e pensões, além de representantes do Tesouro, emitiu um alerta sobre os riscos que podem aumentar. A ideia é que as interconexões com o sistema financeiro e as regras fragmentadas em nível global tornam a situação ainda mais complexa.

Para entender melhor essa realidade, o Ministério da Economia e Finanças está revisando as proteções para os investidores de varejo em relação a investimentos diretos e indiretos em criptomoedas. Isso é um sinal de que as preocupações estão se intensificando na Europa, especialmente diante de um cenário onde os Estados Unidos estão adotando políticas mais liberais em relação a essas novas tecnologias financeiras. Os mercados de ativos digitais já superam a impressionante marca de 3 trilhões de dólares, segundo dados da CoinGecko.

Ruchir Gupta, cofundador da Gyld Finance, comentou que essa regulação divergente pode criar riscos reais, empurrando atividades de maior risco para lugares onde a supervisão é mais fraca e escondendo onde estão as verdadeiras exposições financeiras. Ele acredita que, até 2026, pode haver uma convergência significativa nas regulamentações, especialmente se os EUA definirem um caminho claro.

Fase de supervisão mais rigorosa

Essa iniciativa da Itália segue um alerta do Banco da Itália, emitido em abril, que já havia destacado a crescente integração global das criptomoedas como uma possível ameaça à estabilidade financeira. O relatório enfatizou que, com a alta nos preços após a vitória de Trump e a postura favorável à cripto de sua administração, se os instrumentos digitais se entrelaçarem ainda mais com o sistema financeiro tradicional, isso pode causar vulnerabilidades maiores.

Além disso, o banco ressaltou preocupações sobre conflitos de interesse e falhas na governança. Cerca de 75% das empresas com grandes quantidades de Bitcoin estão nos Estados Unidos, com uma presença quase nula na zona do euro.

Diante disso, a Europa está claramente entrando numa fase de supervisão mais agressiva sobre fintechs e criptomoedas. A análise detalhada da Itália é vista como um passo importante, ao lado da implementação das novas regulamentações sobre os Mercados de Criptoativos (MiCA, na sigla em inglês). Segundo Nitesh Mishra, cofundador e CTO da plataforma de hedge ChaiDEX, essa pressão regulatória da UE traz regras mais rígidas de licenciamento e capital, além de orientações mais severas para prevenir a lavagem de dinheiro.

Os provedores de criptomoedas na região enfrentarão custos aumentados de conformidade, já que será necessária uma governança mais robusta, divulgação e proteção para o investidor. Porém, à medida que isso acontece, as empresas poderão conquistar mais certeza regulatória e competitividade na Europa.

Mishra finaliza afirmando que empresas mais sérias provavelmente verão a Europa como o padrão a ser seguido, desviando-se dos paraísos fiscais arriscados e atendendo os investidores de maneira mais segura.

Rafael Cockell

Administrador, com pós-graduação em Marketing Digital. Cerca de 4 anos de experiência com redação de conteúdos para web.

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